Garagem

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4 de maio

Hoje, um homem aproximou-se de mim. Vestia fato e usava gravata, mas eu reconheci-o de imediato.

Era um homem do Instituto. Estava disfarçado de pessoa normal.

Perguntou-me as horas e eu disse: Tenho dois trovões dentro dum envelope dos correios.
O da esquerda é de madeira e o do meio é fêmea.
É assim que nascem as cartas.

Ele, surpreendido com a minha resposta,
foi-se embora e não me internou.

 

Mas, por via das dúvidas, fui para casa com os sapatos calçados nas mãos.




O livro do ano
Afonso Cruz
Alfaguara