Auguros.
Ontem deitei-me tarde, não tinha sono, deitei-me no chão do sótão com um livro e fiquei a olhar o tecto. Esperava a chuva que haviam prometido. Há muito tempo que não me sentia assim, nesta ansiedade de quem tem visita de estudo amanhã, de quem vai quebrar a rotina para ver coisas incríveis. Eu queria ver a chuva. Quando os olhos não aguentaram mais, adormeci.
Hoje acordei com o som da chuva nos telhados... saltei da cama e, entre os afazeres da manhã, preparei um chá quentinho - não me lembro da última vez que preparei um chá, os dias frios já estão tão longe. Deixei-me ficar assim, junto à janela, com uma chávena de chá nas mãos, a ver a chuva a cair e o dia a acontecer alheado a ela.
Lá em baixo, o rio, que já mal se avistava da minha janela, corre apressado. Espero que não vá atrasado e que volte a tempo do jantar. Espero que fique por cá mais uns tempos, tenho saudades de o ver correr com vagar.
Quanto à chuva, que fique o tempo necessário para que amanheçamos todos mais felizes. Que traga auguro de abundância e bons presságios.