Garagem

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Existindo.

"Estava apenas viva, existindo muito, respirando, olhando devagar. Sentindo a areia ceder, sob o peso do seu corpo estendido na praia, sentindo o seu corpo como uma força livre abrindo passagem, através de coisas confusas. Mas não havia pontos de referência nem limites, nada podia garantir que estava certo, para lá dessa certeza de estar vivo, não havia indicação possível no mundo exterior, era como caminhar por um areal infindável, uma praia deserta e lisa, contando unicamente com o impulso do seu corpo andando. Porque nada era claro, ela era no fundo talvez apenas um pequeno animal cego caminhando, empurrando-se para a frente, ao longo da superfície espelhada da areia, debaixo de um sol demasiado intenso, no turbilhão da luz reflectida pelo mar." 

'O Silêncio', 
Teolinda Gersão