A âmbar.

     O mês de Março passou a correr, Abril escapou-se-nos pelos dedos como areia e Maio já se vê por um canudo. Atravessámos Junho com muito sol, afinal, o Verão acaba de chegar - e este cantinho à beira mar plantado poupou-nos da chuva até aos últimos dias -, mas é da Primavera que nós mais gostamos, a nossa rua encheu-se de flores, os vizinhos colocaram vasos nas janelas e apesar da timidez da nossa buganvília, as petúnias e a lavanda já dão cor à nossa porta. 

     Com a Primavera, chegaram também os piqueniques entre amigos, os dias mais longos e a minha Feira favorita do ano. Tenho esta coisa com feiras, gosto do ambiente - tanto do lado de cá como do lado de lá da banca - e gosto de poder falar com os sorrisos por detrás das marcas que tanto nos inspiram. Podia falar-vos de várias que tenho conhecido assim, como a Lili, da Saponina, que abracei - finalmente - o ano que passou, e tantas outras - que tive o prazer de abraçar no evento que organizei, faz quase um ano, com a minha Ana -, como a Sapato Verde (eu sei, parece suspeito, mas gosto mesmo deles), a minha Lêveda (que tem o melhor pão caseiro e biológico do Alentejo) e a minha querida Zélia, que passo meio ano a querer abraçar e outro meio a tentar segurar-me para não lhe comprar tudo e mais alguma coisa. Acho que percebem a ideia. As feiras põem-nos em contacto com quem está do outro lado, isto é cada vez mais importante nos dias que correm e faz toda a diferença. Para nós e para eles, acreditem.

     Este ano, na Feira da Primavera, não só provei o folar de batata doce da Lêveda, como conheci a âmbar 😊🌿💛

     A âmbar é uma marca de biocosméticos artesanais e veganos que nasceu de uma amizade antiga entre a Telma e a Vanessa. Uma é designer, a outra licenciada em farmácia, mas ambas tinham imensa vontade de criar, de proporcionar às pessoas coisas de que precisassem de facto e que lhes fizesse bem. Movem-se pelo amor e respeito à natureza, à ciência, às coisas simples e verdadeiras. Só trabalham com matérias primas de origem natural, de elevada qualidade, com as quais criam de forma artesanal - respeitando sempre as boas práticas de fabrico -, produtos cosméticos que têm como princípio o respeito pelo nosso corpo. Lançam novos produtos apenas em resposta a necessidades genuínas expressas pelos seus clientes e, somente depois de muita pesquisa, oferecem formulações em que acreditam e que sejam de grande qualidade - daí ser tão importante este encontro em feiras, este contacto de quem consome com quem produz e vende, como vos falei acima.

     Não resisti e trouxe comigo um creme de mãos - que é divinal -, um creme de pentear super cheiroso - e que só ele me ajuda a desembaraçar este cabelo de personalidade forte -, um sabonete riquíssimo que ainda não experimentei mas estou desejosa, um óleo de rosto de rosa mosqueta com o qual já não sei viver… e lançaram há poucos dias um champô sólido com o qual já ando a sonhar!

     As embalagens são pensadas e desenhadas pela Telma e o design clean e minimalista foi o que me chamou a atenção e me fez parar junto delas. Têm embalagens em vidro âmbar, escovas de dentes de bambu, sabonetes nus e as únicas bisnagas que usam são em alumínio, estão na luta contra o plástico e foi, também, por isso que não resisti e vos tive de vir contar sobre elas. 

     Deixo-vos o link para as irem namorar. Vá, vão lá!

30 dias sem plástico

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     Alguma vez se questionaram para onde vai o nosso lixo quando o colocamos nos contentores? Se sim, é provável que já tenham descoberto que, lá porque o lixo sai da nossa vista, não quer dizer que desapareça do cimo da terra. A realidade é que não.
     Nós também o questionámos. O ambiente, a economia e a saúde do nosso planeta estão em crise e é avassalador assistir a tudo isto.
Do total de plástico fabricado, metade foi produzido na última década, falo de 200 milhões de toneladas, mais coisa menos coisa. Sentimo-nos colados ao chão, como pode uma só pessoa fazer a diferença? O que posso eu fazer que poderá alterar o rumo desta história?

     É um caminho tortuoso, quando achamos que vamos no bom caminho há uma palhinha descartável que aparece misteriosamente na nossa bebida ou um sumo que nos é servido num saco de plástico.

Felizmente, há cada vez mais pessoas preocupadas, como tu, como nós e, todos os dias esta luta contra o plástico descartável ganha novos adeptos. Apesar dos tropeções, vamos avançando. Devagar, mas firmes. A união faz a força, sabemos há muito, e tem sido extraordinário ver surgir em Portugal nos últimos anos iniciativas como o Lixo Zero Portugal , a Maria Granel, o Slower, a Âncora Verde e tantas outras, com quem temos aprendido e ganho confiança. A mudança está aqui, a acontecer, a cada dia que passa.

     Importa compreender que, enquanto consumidores, os nossos actos, as nossas escolhas, cada compra nossa detém o poder. É o nosso voto. É a nossa forma de dizer “basta!”. É importante reduzir a quantidade de desperdício que geramos, mas igualmente importante é usar as nossas escolhas como impulsionadores de mudança, porque elas, são, de facto, capazes de nos colocar rumo a uma sociedade mais sustentável.

     As coisas mudam quando as pessoas se unem, se manifestam, e fazem barulho, às vezes silencioso. E é isso que venho propor hoje: fazer barulho silencioso. Muito.

30 DIAS SEM PLÁSTICO

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     Alguns de vocês já conhecem o Plastic Free July e até participaram, recusando os plásticos descartáveis (sacos, palhinhas, copos, garrafas, cotonetes, talheres e pratos) durante este mês em anos anteriores. Este ano, gostava de ir um pouco mais além. O desafio é simples: durante o mês de Julho, partilhar o lixo plástico de cada um, aquilo que descartamos, semana a semana, com o hashtag #30diassemplastico nas nossas redes sociais.
     Porquê? Porque tantas vezes aquilo que não vemos é como se não existisse.

     Não se sintam atrapalhados, não estou a falar de 1 frasquinho de lixo que cabe na palma da mão. Não, para a maioria de nós não vai ser bonito e eu vou, certamente, falhar. Mas vamos falhar juntos, fazer o tal barulho e reflectir. No final da semana, registamos, separamos, contamos e pesamos até, o que descartamos, se quisermos. Apercebemo-nos das mudanças que têm ocorrido nos nossos hábitos. Celebramos as conquistas, ponderamos as dificuldades, inventamos alternativas e juntos, abrimos caminho.

     Ao longo do mês de Julho a Garagem, o Slower, o Lixo Zero Portugal , a Maria Granel e a Âncora Verde vão estar connosco, a inspirar-nos e partilhar a sua semana dos seus #30diassemplastico.

    Como a união faz a força, gostava muito que se juntassem a nós, envolvam família, os miúdos, passem palavra aos vossos amigos, vizinhos e colegas e partilhem também os vossos #30diassemplastico

Quem está connosco?! 

INSPIRAÇÃO E RECURSOS PARA COMEÇAR

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Desperdício Zero na Cozinha #1 - Princípio Base

     A minha maior dificuldade nesta caminhada contra o desperdício tem sido a cozinha, tentamos comprar tudo a granel - o que conseguimos, tendo em conta a nossa localização - e conseguimos reduzir significativamente o uso de plásticos cá em casa, mas acabo sempre por comprar comida de mais e por deixar estragar um legume ou outro, por não saber o que lhe fazer ou como usar. Felizmente temos uma Inês na nossa vida que, não só faz takeovers à nossa cozinha - adoramos!!!! - como a sua preocupação para com as bananas farrusquinhas deste mundo é coisa para nos enternecer a todos. Que se salvem os farruscos, as frutas feias e os renegados desses mercados, a Inês ajuda 💛🌿

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Buddha Bowl, Receitas Tolerantes

Buddha Bowl, Receitas Tolerantes

     Olá a todos

     O meu nome é Inês e sou dona de um cantinho chamado Receitas Tolerantes onde partilho as minhas receitas.     
     Gosto de cozinhar coisas simples, saudáveis e que me façam feliz, gosto pouco de desperdiçar comida e, quem me conhece, sabe que sou a primeira pessoa a pedir - ou a levar - uma caixinha para levar comida para casa quando janto fora. Também adoro aproveitar todos os restinhos que tenho no frigorífico - frescos ou cozinhados - transformando-os em pratos novos  ou em bonitas Buddha Bowls
     Hoje, a pedido da minha querida amiga Inês Espada, trago-vos este desafio: como reduzir o desperdício alimentar em casa.

     
Quem segue o meu blogue poderá ter reparado que muitos dos meus posts começam com "tinha lá em casa x e y para gastar, e lembrei-me de fazer...", este é - para mim - o princípio base da redução do desperdício: cozinhar em função do que tenho disponível na despensa ou no frigorífico e não em função duma receita específica. Claro que há excepções, se tivermos um jantar de amigos, ou um evento familiar, e queremos mesmo levar aquele prato ou sobremesa
especial, não tem mal nenhum mas, ainda assim, se conseguirmos fazer substituições para evitar desperdício, tentamos sempre fazê-lo.

      Partindo deste princípio base, vejo quais os ingredientes que temos disponíveis no frigorífico, ou na despensa, incluíndo fruta e legumes frescos - que são tipicamente o que tende a estragar-se mais depressa -, e crio um plano semanal em função disso. Fazer um plano semanal ajuda-me a comer de forma mais saudável, a controlar o desperdício e a organizar melhor as refeições durante a semana. As 2 ou 3 horas que demoro a preparar tudo ao Domingo, poupam-me muito trabalho durante a semana. Caso não queiram, ou não consigam ir tão a fundo, podem começar por planear apenas a refeição seguinte com base neste princípio.

Restos reinventados: 1/2 batata doce com uma sobra de húmus, dip de beringela e tofu crocante acompanhada de uma saladinha de verdes.

Restos reinventados: 1/2 batata doce com uma sobra de húmus, dip de beringela e tofu crocante acompanhada de uma saladinha de verdes.

     Depois de pensar numa possível receita (ou receitas) que possa fazer com os ingredientes que tenho, penso em possíveis substituições. Por exemplo, se a receita pede couve flor, se calhar posso substituir pela courgette farrusca que está a precisar de ser gasta 😜 e por aí fora. Por fim, faço uma lista de compras com o que falta, para garantir que compro apenas o que preciso. Muito importante: não ir às compras com fome - especialmente no meu caso, que sou uma esfomeada 😂 - caso contrário, a lista vai crescer rapidamente!

     De qualquer forma, há sempre umas coisinhas que acabam por saltar para o carrinho e que, caso não consiga gastar durante a semana, vão acabar por servir de base ao plano da semana seguinte.
     Para além desta “regra de ouro”, há mais algumas coisas que podemos fazer para minimizar o desperdício alimentar. Daqui por duas semanas trago-vos mais alguns dos meus truques.

     Até já,


     Inês,
Receitas Tolerantes

[DIY] detergente caseiro para a máquina da loiça

     A nossa rua cheira a comida caseira, o sol bate nas janelas e os passarinhos piam nos beirais, gostava tanto de conseguir transmitir-vos esta paz... é como uma tarde de infância em casa dos avós, sabem? Não tarda volta tudo à azáfama do dia, à tarde de trabalho que ainda nos espera, aos miúdos que têm de se ir buscar à escola, às lides da casa... mas, por agora, respira-se fundo e abrem-se as janelas para melhor se ouvir a rua. Vive-se devagar.

     Foi neste embalo que me lembrei de vir partilhar convosco a receita do detergente para a máquina da loiça - sempre se ganha algum tempo para aproveitar devagar as horas de almoço que nos fogem, não é? 

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     O detergente é maravilhoso e depois de começarmos a usá-lo dissemos "adeus" às pastilhas de compra, lava tão bem quanto os outros e a máquina adora. Não é uma opção totalmente sem desperdício - vamos chamar-lhe detergente low waste, para ser mais honesto -, mas dura imenso tempo, é muito prático de se fazer e os ingredientes base dão para recriá-lo mais vezes, pelo que o desperdício é mínimo comparado ao que se gastava aqui por casa. Aqui vai:
 

     O que vão precisar: 

     1 chávena e 1/2 de Ácido Cítrico
     1 chávena e 1/2 de Carbonato de Sódio*
     1/2 chávena de Bicarbonato de Sódio
     1/2 chávena de Sal
     2 ou 3 gotas de óleo essencial (opcional, é só para dar um cheirinho bom)

*para fazer carbonato de sódio, basta colocar bicarbonato de sódio num pirex de vidro ou assadeira, espalhar em camada fina e levar ao forno, a 200ºC, entre 30m a 1h. Convém ir mexendo ocasionalmente com a colher de pau (vou confiar que já não têm colheres de plástico em casa 😂). É fácil perceber quando o bicarbonato vira carbonato, a textura muda ligeiramente, é só uma questão de estarem atentos. No meu forno, leva 1h.  

     Como fazer: 

     Colocar tudo num frasco hermético, fechar bem e agitar - "Ooh-whee, Marie, shake it, shake it for me”, pode ser a dançar - até ficar uma mistura homogénea. 
     Como substituto ao abrilhantador, podem usar vinagre branco. 


     E por aí, também costumam fazer os vossos próprios detergentes? Por aqui (ainda) só arriscámos este, todos os outros compramos a granel, ainda assim, não há nada que vinagre e bicarbonato não resolvam. Fica a dica! 

     Agora vão lá aproveitar a vossa hora de almoço 😊
     Beijinhos ♥︎