É difícil escrever sobre o amor quando o prendemos a um rosto, é difícil porque amar nos confronta com a nossa própria mortalidade. Queremos ter tempo para viver o amor e o tempo escorre-se-nos pelos dedos.
É difícil escrever sobre o amor porque temos vergonha de mostrar ao mundo o amor lamechas, o amor fofinho, o amor vulnerável que dá o coração às balas sem nunca perder o sorriso tonto.
O Manuel António Pina escreveu um poema cujo verso final me ficou gravado, talvez o eternize na pele, um dia, como lembrete de que no amor só se entra descalço.
”entro no amor como em casa”
(este é o teu gatilho de escrita, abensonhado*)
(as participações podem ser, ou não, partilhadas, públicas ou anónimas, ditas ou escritas, o teu coração o saberá, dá-lhe a palavra)
*expressão adoptada do inspirador Mia Couto, junção das palavras “abençoado” + “sonhado”, que são vocês.