Em que estás a pensar? perguntou-lhe. Em nada, disse.


O absurdo de tudo isso, disse Afonso, a paixão da paixão, a procura da procura, o desejo em último caso sem objecto, porque o seu objecto é o desejo e nada do que você conta, ou diz, ou sonha, existe,
o medo do amor, disse ela, o medo que você tem de ir ao limite de si próprio, de destruir tudo o que fica para trás e criar em seu lugar outra coisa,

Em que estás a pensar? perguntou-lhe. Em nada, disse.

"O silêncio",
Teolinda Gersão