Daniel Faria
Poesia, quasi
"Quero ver-te mesmo quando sangro"
Corro tal como os bichos quando as ervas nascem
No coração tenro
Avanço na ondulação difícil
Enrolo os ventos para que só eu amaine
Conheço a minha morte e enrolo as minhas mãos
A tentação de as pôr sobre os olhos
Quero ver-te mesmo quando sangro
Daniel Faria,
Poesia, quasi
EXPLICAÇÃO DO SORRISO
A mãe disse-lhe escreve-me
De lá de longe para onde vais
E ela disse não é longe casar
E a mãe sorria cega de dor
E parecia de deslumbramento
Daniel Faria
Não fui margem sem outra margem onde ligar os braços.
Não fui margem sem outra margem onde ligar os braços
Mas fui o tempo solto para entrançar os meus cabelos
E o movimento dos teus pés descalços
Não fui a solidão inteira nem reclusa
Para o único repouso entre o silêncio
Nem fui a flor exausta defendendo-se
De toda a mão que a quis despetalar
Não fui a casa que a si mesma se abrigou
Nem a morada que nunca se acolheu
Mas o tempo a pedir que me deixasse
Naquilo que não fui vim encontrar-me
E sempre que te vi recomecei
Daniel Faria
Poesia,
quasi