Posso (re)começar um blogue assim? // o início desta "Garagem"

      A vida é maravilhosa.
      (posso começar um blogue assim?)

      Já queria ter começado a escrever-vos há algum tempo, mas os começos deixam-me muito ansiosa e fui adiando a coisa o mais que pude - algum procrastinador por aí?

      A verdade é que andava sem grande inspiração. Tinha o tema: queria falar-vos sobre Economia Circular, mas não sabia como raio a ia introduzir. Há umas semanas, um amigo enviou-me umas fotos que tirou em casa dos avós, foi o bastante para tudo em mim estremecer, tinha de parar e agarrar na caneta o quanto antes, toda uma inspiração súbita. Qualquer coisa de único, de sublime, naquelas imagens, algo que só existe nas casas antigas, nos móveis carregados de histórias, na disposição dos biblots que diz tanto das suas pessoas ou no pó da casa desabitada a afirmar a ausência. Percebi que era aquilo, só falando da minha experiência é que poderia vir falar deste tema convosco.

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      O conceito de Economia Circular entrou na nossa vida quando comecei a ler tudo o que conseguia sobre zero desperdício, o que coincidiu com a nossa mudança para a casa “nova”. Aliado a esta paixão por peças antigas, não foi difícil tomar decisões quanto ao que ia entrar cá em casa: tudo o que pudéssemos salvar do recheio da casa que compráramos e tudo o que já tínhamos - evitando, assim, comprar novo. O resultado foi uma casa eclética que tem tanto de nós como da sua própria história. Restaurámos o que precisava de restauro, demos nova vida a objectos que de outra forma iriam para o lixo e tudo o que já não nos fazia sentido doámos a uma associação e oferecemos a amigos e familiares. Desta forma, contribuímos para uma economia circular.

      Esta economia é aquela que defende que tudo deverá ser produzido, consumido e, após consumo, continuar a gerar valor. Ou seja, um produto que mesmo em final de vida possa ser reciclado (inteiro, ou partes) e dar origem a um novo produto que entre novamente neste ciclo de produção-consumo-reciclagem. Desta forma evita-se que se extraiam mais recursos ao planeta - uma vez que passamos a usar o que já foi criado - e trava-se o desperdício

      Ainda ando com as fotos ao peito, as da casa dos avós do Marco.  É aconchego, é amor, é o cheiro a bolachas acabadas de fazer, a janela aberta para a luz do dia, é tudo aquilo que as coisas antigas carregam consigo: histórias, e de como podemos resgatá-las para a nossa própria história dando-lhes nova vida e amor. Salvamo-nos a nós próprios e o planeta agradece. 
      Esta foi a forma sustentável que encontrámos para a nossa casa e que levamos para a vida, é tão simples quanto fazer do velho, novo!

      A vida é mesmo maravilhosa, não é?