«Improvisos»
Em exposição no CAS até ao dia 28 de Setembro.
A casa da neblina
Entraram para a casa da neblina.
Os seus olhos foram-se acostumando
aos contornos indefinidos. Tudo
era impreciso, tudo era difuso.
Também se iam vendo um ao outro
sem contrastes, os rostos não mudavam,
as expressões eram sempre as mesmas,
sempre veladas pela mesma bruma.
Esqueceram-se ambos do mundo lá fora,
e da luz e da dor e da alegria,
da mentira, da emoção, dos beijos,
da amizade e do amor. Negaram
qualquer verdade ou perfil que os ferisse.
E ficou-lhes ambíguo o coração.
Amalia Bautista
Estou Ausente,
Averno
Com as gaivotas
Sines, 1928
Sines em Imagens
Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.
Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou dum céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.
Eugénio de Andrade