Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa
dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras
lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto
pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato
Mário Cesariny
Poesia 71,
Editorial Inova Limitada