Aproximei-me quase como que pedindo desculpa, como se a minha presença não fosse digna da mesma terra. Sacudi o pó da minha roupa, e ajeitei o cabelo, sorri. Ela, envergonhava-se sob o sol do meio dia, folhagem desperta, pétalas que te convidam a ficar perto. Sentei-me sob as suas folhas e como quem escuta, sem querer querendo, a conversa da mesa ao lado no café, escutei-lhe a conversa com o Vento:
- Olívia - nome que nos deixa a boca entaremelada de beleza, pensei, fica-lhe tão bem o nome - porque não me deixas amar-te? - continou o Vento.
Recordo-me olhar de relance e Olívia parecia ter crescido sob uns sapatos de salto que guardara para quando Ventura, o vento, soprasse. Sorriu como quem não sabe o que fazer às folhas, e as suas pétalas, outrora escondidas pela timidez sob o sol que brilhava por entre a folhagem, já não eram tom céu ao nascer da noite, quantas cores o dia tem, mas cheiro a ternura e colo, mãos de avó no cabelo, café da manhã. Olívia tinha o cheiro da felicidade e dançava, e eu entendi porque Ventura soprava tanto naquela região da Amazónia. Ventura e Olívia dançavam, e eu aprendi que impossíveis é coisa que não existe no amor.
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Escrito sob a varinha de condão da encantadora de corações pulsantes, Cris Lisbôa