20 de março
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as mãos esgueiram-se para dentro da insónia. eis a noite da noite onde abro e folheio livros, ouço murmúrios, crescem líquenes, exalam-se perfumes a tinta fresca, desprendem-se sílabas de vidro. eis a noite onde esqueço a vida e cismo sobre aquilo que ainda não sonhei. e aceito como único presságio a melancolia aérea das açucenas. aceito como único consolo a desolação imensa dos teus braços. aceito, aceito como único calor o da tâmara crescendo no deserto. aceito como único vício aquele cuja pele ainda não toquei. aceito como única noite a das searas do fundo do mar. aceito como única fala possível aquela que é susceptível de rasgar pulsos. aceito como único corpo aquele que não cresceu dos relógios do mundo. aceito, aceito como único sonho aquele espelho onde te reflectes e me encontro...
Al Berto
O Medo,
Assírio & Alvim