Todos precisamos de que nos amem.
E no entanto, alguns infelizes
não sabemos viver para outra coisa.
Amalia Bautista,
Estou Ausente
Averno
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Todos precisamos de que nos amem.
E no entanto, alguns infelizes
não sabemos viver para outra coisa.
Amalia Bautista,
Estou Ausente
Averno
Dizes que gostas de mim de uma forma
que não consigo deixar de corar;
que gostas de mim de um modo primário,
sem razão aparente e sem desculpas,
e que gostas de mim pois me desejas,
pois sabes que eu também gosto de ti
e o monstro deste amor nos devora
a alma, a paciência e as maneiras.
É só pena que todas estas coisas
nos morram afogadas em silêncio.
Amalia Bautista
Estou Ausente,
Averno
E tu tão longe
e tão dentro de mim, tão invasivo.
E esta chuva
que ameaça dissolver a terra
e fazer tudo mar, meu pesadelo.
E de repente todas as distâncias
se tornam infinitas,
como se só o louco mais malvado
pudesse tê-las concebido.
Amalia Bautista
Estou Ausente,
Averno
Queres conclusões demasiado cedo (compreendo, são uma solução). Queres respostas, certezas, sim e não. Planetas seguem a sua rota, cometas a sua errância. Aceito-os a ambos. Respostas não sei, certezas não tenho. E também não tenho solução. Que posso dizer-te? Quero-te a ti, não à tua conclusão. Se estivesses aqui, tocava-te, apertava-te, entrava em ti fundo, até ao fundo, a escutar o teu suspiro mudo a entregares-te, a procurares-me, lá tão fundo. Entendes agora? Nenhuma verdade é maior do que um corpo que morre. Nenhuma mentira também.
Jorge Roque,
Canção da Vida
Averno