bibliotecas cheias de fantasmas.

A biblioteca protege da hostilidade exterior, filtra os ruídos do mundo, atenua o frio que reina em volta, mas confere, igualmente, uma sensação de omnipotência. Porque a biblioteca faz recuar as pobres capacidades humanas: ela é um concentrado de tempo e de espaço. Reúne nas suas prateleiras todos os estratos do passado. Ali estão os séculos que nos precederam.
«A escrita (...) grande, muito grande ao permitir-nos conversar com os mortos, com os ausentes, com aqueles que não chegaram a nascer, através de todas as distâncias do tempo e do espaço».
— jacques bonnet, «bibliotecas cheias de fantasmas». Trad. de José Mário Silva

Bonsai

«No final ela morre e ele fica sozinho, embora na realidade tivesse ficado sozinho vários anos antes da morte dela, de Emília. Digamos que ela chama-se ou chamava-se Emília e que ele chama-se, chamava-se e continua a chamar-se Júlio. Júlio e Emília. No final Emília morre e Júlio não morre. O resto é literatura:»

Alejandro Zambra

 
Um livro dentro de um livro... que cabe num conto. É mais ou menos isto. Lê-se, na badana, que Jorge Luís Borges aconselhava a escrever como se se estivesse a redigir o resumo de uma obra já escrita. E é isso que Alejandro Zambra faz com 'bonsai'. Um romance-resumo, um romance-bonsai.  
É a história de Júlio e de Emília, mas mais de Júlio com Emília... e sem Emília. Um livro recheado de referências literárias. 

 

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