Sines, 13 de Novembro de 2014

há sempre uma certa nostalgia que chega com a chuva. um não-sei-quê que se sente no peito e que nos aperta a garganta. há que tempos que não me dava para escrever nada, o diário amarelece num vazio teimoso. há coisas que nem em palavras se conseguem traduzir. há dias em que acordo de manhã e me sinto capaz de qualquer coisa "hoje, se quisesse, voava", mas depois desperto para a realidade que me rodeia: uma terra que não é a minha, mas que agora o é, embora eu o esqueça demasiadas vezes, a realidade de não ter um emprego nem perspectivas, a realidade de uma nova vida para a qual não me preparei. Procuro fazer coisas que nunca fiz, aprender coisas sobre as quais não conheço nada. Arregaçar as mangas e por mãos à obra. Agora quero aprender mais sobre bricolage, hoje quero ser carpinteira, amanhã posso ser outra coisa? apetece-me sujar as mãos, criar, ver crescer... como se responde à pergunta: "o que gostavas de fazer?", quando se quer tanta coisa? como se responde à pergunta: "o que gostavas de fazer?" quando nos estamos constantemente a travar, com ideias pré-concebidas como o "não vai funcionar", "não vou conseguir", "não me vai dar dinheiro". é que no fim, há contas para pagar, uma casa para sustentar, dois felinos e uma família para criar. sinto-me tão perdida.